Ucrânia propõe cessar-fogo de 60 a 90 dias à Rússia
30/04/2025
(Foto: Reprodução) Governo ucraniano também disse que deve assinar ainda nesta quarta o acordo de exploração re recursos minerais com os EUA. Na segunda (28), Putin anunciou trégua de três dias, em maio. Rússia bombardeia Kiev com mísseis e drones
O governo ucraniano propôs nesta quarta-feira (30) um cessar-fogo de "entre 30 e 60 dias" à Rússia na guerra da Ucrânia.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha, afirmou que seu país "está pronto para negociações de paz em qualquer formato" assim que Kiev perceber que Moscou está "realmente preparada para o difícil caminho da paz".
"A Rússia pode demonstrar sua genuína prontidão para negociações de paz concordando com um cessar-fogo real por pelo menos 30 dias. Se a Rússia está pronta para um cessar-fogo de 60 ou 90 dias, nós também estamos", afirmou o Sybiha.
O ministro se referia ao cessar-fogo de três dias anunciado pela Rússia na segunda-feira (leia mais abaixo).
"A Rússia deve parar de falar sobre sua prontidão para a paz e começar a agir, concordando incondicionalmente com um cessar-fogo real e duradouro", acrescentou.
Recursos mineirais
Ucrânia está pronta para assinar um acordo sobre recursos com os Estados Unidos e pode fazê-lo ainda nesta quarta-feira, disse uma fonte do governo ucraniano à Reuters.
"Acho que talvez no final da noite, horário de Kiev, o acordo possa ser assinado", disse a fonte.
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O governo russo anunciou nasegunda-feira (28) um novo cessar-fogo de três dias na Ucrânia. A trégua ocorrerá em 8, 9 e 10 de maio.
O Kremlin afirmou que o novo cessar-fogo ocorrerá por "razões humanitárias", mas disse também que a data foi escolhida também pelo presidente russo, Vladimir Putin, para marcar o 80º aniversário do chamado Dia da Vitória, quando tropas da União Soviética e aliados venceram a Alemanha Nazista na Segunda Guerra Mundial.
Segundo o Kremlin, o cessar-fogo de 72 horas vigorará do início de 8 de maio ao final de 10 de maio, e a Rússia pediu à Ucrânia que também aderisse à trégua. Em comunicado, no entanto, o Kremlin disse também que, em caso de violações por parte da Ucrânia, as Forças Armadas russas dariam uma "resposta adequada e eficaz".
O governo ucraniano ainda não havia se manifestado sobre o anúncio do Kremlin até a última atualização desta reportagem, mas o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia afirmou que Kiev quer "um cessar-fogo imediato e duradouro".
A trégua ocorre também após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticar ataques russos feitos a Kiev na semana passada, acusar Putin de querer prolongar a guerra e ensaiar uma reaproximação com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Trump e Zelensky conversaram no fim de semana em encontro no Vaticano, durante o funeral do papa Francisco. Os dois haviam travado um bate-boca durante visita do líder ucraniano à Casa Branca em fevereiro, em um momento em que o presidente norte-americano mostrava aproximação com a Rússia, com quem inclusive travou negociações bilaterais sobre o fim da guerra sem nem sequer consultar Kiev.
Após o encontro do fim de semana no Vaticano, o presidente norte-americano disse que "Zelensky está mais calmo", afirmou que a Ucrânia está lutando "contra uma força muito maior" e disse que Vladimir Putin tem de "parar com os bombardeios, sentar e assinar um acordo" de cessar-fogo definitivo entre as duas partes, que vem sendo mediado pelos Estados Unidos.
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Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, encontra-se com o presidente dos EUA, Donald Trump, no funeral do Papa Francisco na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
SERVIÇO DE IMPRENSA PRESIDENCIAL DA UCRANIA / AFP
Este é o segundo cessar-fogo anunciado por Putin na Ucrânia. No primeiro, há cerca de dez dias, a Rússia declarou trégua de 30 horas por conta da Páscoa, mas a Ucrânia acusou Moscou de violá-lo. A guerra na Ucrânia já dura mais de três anos, e ainda não há perspectiva de um acordo.
Um dos principais pontos de discórdia é o que será feito com as regiões ucranianas dominados pela Rússia. Atualmente, tropas de Moscou ocupam cerca de 20% do território da Ucrânia, a maior parte no leste do país, mas também a Crimeia, a península ucraniana anexada por Putin em 2014.
Zelensky exige todos os territórios de volta para aceitar o cessar-fogo, mas a Rússia alega que essas regiões já foram anexadas e que não as devolverá. Trump tem indicado que a Ucrânia deverá aceitar as anexações em troca de paz.